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A centralidade da Terceira e outros comentários

 

1.- Diz-se, por aqui, que o tempo tem estado ruinzinho – um dia faz sol, chove dois dias seguidos... e por aí adiante.
Mas ontem, São Jorge e Terceira postaram-se com grande nitidez.
A Ilha do Maestro Lacerda, é um monstro adormecido, um crocodilo disforme, com escarpas medonhas que se espraiam no oceano através das fajãs. A Terceira, é a Festa redonda, no dizer de Nemésio.
Deste recanto da Engrade, na ponta leste da Ilha do Pico, vislumbra-se, no longe, a imponente Serra de Santa Bárbara e o Monte Brasil em cujo Castelo de São João Baptista Angra do Heroísmo se abriga.
Segunda-feira, no porto da Praia da Vitória, embarcaram no Santorini centenas de pessoas: muitas para a Graciosa, muitas outras para São Jorge e, ainda mais para o Pico. Poucos para o Faial.
Passageiros, na sua maioria regressantes de férias à ilha de origem, para para matar saudades, rever familiares e amigos, cuidar de casas, adegas e propriedades, fazer vindimas. É o Povo em Festa, na Festa da Vida.
Mas, voltando à Terceira - Ilha onde estudei e aprendi a ser o que sou - nutro por ela uma empatia grande e por Angra uma estima particular.
Quando os tempos iam maus, por volta dos anos 50, centenas e centenas de açorianos partiram para a Terceira, em busca de trabalho na Base das Lajes, enquanto muitos terceirenses emigravam para a América do Norte.
Num inquérito que efectuei no final dos anos 60, no perímetro da Base, encontrei muitas famílias da costa norte de São Miguel vivendo em precárias condições.
Também muitos picoenses, jorgenses e graciosenses, habituados a ver a Terceira ali tão perto, para lá que rumaram em busca de melhor sorte e de melhor educação para os filhos no Liceu e na Escola Industrial. E quantos precisaram de autorização oficial para se transferirem de uma ilha para a outra, como se vivessem num país estrangeiro!...
Angra do Heroísmo e a Ilha Terceira tem sabido manter a sua centralidade. Esta ultrapassa, em muito, a própria geografia e afirma-se hoje na influência cultural, política, religiosa e até económica. A particularidade de os novos terceirenses trazerem na sua génese culturas das diversas ilhas, constitui um fenómeno de aculturação que, certamente alterará a matriz terceirense, mas não a centralidade da Ilha.

2.- Vai uma azáfama na formação de listas para as legislativas e autárquicas. São eleições que, parecendo que não, interessam ao cidadão comum, mais não seja porque há compromissos políticos que ainda não foram cumpridos pelos detentores do poder.
Há tempos, a esposa de um político dizia-me que, no seu concelho, as pessoas reclamavam sobretudo a asfaltagem de caminhos. Por isso os autarcas tinham de lhes fazer a vontade para ganharem eleições. A isso se assiste, em final de mandatos. Há um rodopio de máquinas para asfaltar tudo quanto são caminhos e canadas, pois há que conquistar votos para garantir o poder.
Posição diferente defendeu, há uns anos, o Alcaide de Bettencouria, ilha de Fuerteventura, nas Canárias. Ao visitar a antiga Sé Catedral do Arquipélago espanhol, - monumento de grande significado histórico – reparei que o piso era térreo. Interroguei por isso o Alcaide sobre o motivo do aparente desleixo, mas ele, para nosso espanto, respondeu: este é um caminho histórico, por isso, não se lhe pode mexer, nem alterar!
O episódio ocorreu perante autarcas açorianos que se devem, como eu, ter admirado e tenho-o referido, muitas vezes, por revelar uma visão diferente da preservação do património.
Nas nossas ilhas, muitos caminhos em calçada romana, muitas antigas rampas de varagem muitos artefactos e muitas construções em basalto, foram soterradas ou destruídas, sem apelo nem agravo, nem culpa formada.
Preparam-se os manifestos eleitorais dos candidatos às freguesias, aos municípios, ao país.
Importa que todos se compenetrem que o progresso e bem estar das populações vai muito para além da política do cimento e do betão que não deve destruir nem o ambiente, nem o património histórico construído.
O desenvolvimento constrói-se através da valorização e participação pessoal e colectiva, na preservação do ambiente e da história comum, no crescimento do “homem todo e de todos os homens”.
É evidente que muitos candidatos autárquicos não possuem nem conhecimentos, nem capacidade para efectuar análises correctas sobre a realidade. Daí apresentarem projectos desadequados, irrealistas e por vezes megalómanos.
A construção sustentada do futuro não pode ser trocada por um eleitoralismo interesseiro. Será um erro grave se a gestão autárquica atender apenas aos interesses mesquinhos e não preparar o futuro colectivo com um desenvolvimento sustentado.

 

 

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